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ALMAR, UM RETRATO DO ISOLAMENTO

 

Não é que o Rodolfo decidiu olhar para os caiçaras.

Parece que os caiçaras é que decidiram olhar para ele.
Repare na dona Benedita, da Ilha de Vitória.

Ela estava em casa, talvez coando um café, ou quarando a roupa, ou cozinhando um peixe, quando o Rodolfo chegou. E ela decidiu olhar para ele. Como se quisesse se deixar fotografar. Como se tivesse uma bela história para contar. Se a mata Atlântica, nossa mata mãe, o cenário que inaugurou o Brasil em 1500, resiste agora confinada em reservas, o mesmo se pode dizer de sua gente nativa.

Oriundo dos portugueses e negros com os índios que desde sempre andaram por estas praias, por estas ilhas, por este mar, os caiçaras são portadores de uma cultura vigorosa, fundamental para a compreensão da história brasileira. Em pleno século 21, surgem como um povo em extinção, estranhos em seu próprio meio - as paisagens costeiras paulistas que se transformam a cada dia.

Os caiçaras autênticos, é certo, recolheram-se ao isolamento em praias remotas ou ilhas desertas. E tem vivido lá, quietos, preservando costumes imemoriais como o extrativismo, o artesanato, a pesca miúda, os folguedos populares.

Rodolfo Tucci decidiu retratar as memórias dessa gente. Pé na areia, mata virgem, borrachudos, mar aberto, as imagens que colheu transpiram, exalam, transcendem a identidade caiçara.
Retratam um povo ameaçado, mas que resiste.
A face altiva de dona Benedita não me deixa mentir.

Ronaldo Ribeiro

Editor National Geographic Brasil

 

 

 

 

 

Capital da Vela‚ paraíso ecológico‚ maior ilha do litoral brasileiro… Há muitas formas de classificar Ilhabela‚ no litoral norte de São Paulo.

Para muitos‚ porém‚ uma única palavra basta para descrevê-la: lar. Este é o maior significado de Ilhabela para as 16 comunidades tradicionais de caiçaras que vivem no arquipélago‚ cujos hábitos vêm sendo capturados com carinho pelo fotógrafo Rodolfo Tucci.

Em 2006‚ munido de suas câmeras‚ Rodolfo passou semanas convivendo com os caiçaras que moram na praia do Bonete‚ acessível somente pelo mar ou por uma trilha de terra que exige de três a quatro horas para ser percorrida. De lá para cá‚ esse tipo de ’aventura’ tornou-se parte da rotina do fotógrafo‚ que decidiu registrar um estilo de vida de uma cultura que‚ pouco a pouco está desaparecendo.

Para ter acesso a essas comunidades‚ o fotógrafo muitas vezes ’pegava carona’ na Ambulancha‚ apelido carinhoso dado pela população local à lancha de 28 pés adaptada como UTI que leva assistência aos isolados nos recantos mais inacessíveis de Ilhabela‚ incluindo as ilhas de Búzios e Vitória.

Durante dois anos viveu em meio a essa população nativa, e a convite da Casa da Cultura realizou a exposição "Almar, um retrato do isolamento" com o apoio da Secretaria de Cultura, Prefeitura de Ilhabela e apresentação da revista National Geographic Brasil.

Essa paixão é perceptível nas imagens de Rodolfo. Elas descortinam o cotidiano dos caiçaras respeitosa e carinhosamente‚ sem invadi-lo.

Retratos de pessoas simples e suas vidas simples‚ mas ricas de natureza e tradição.

Rosa Arrais.

Assessoria de Imprensa.

 

 

 

 

 

 

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